Abstract
O modo como os homens conduzem suas vidas em meio às atribulações cotidianas, deixando-se levar por um sem-número de atividades que, em vez de lhes trazerem satisfação, acabam por torná-los ainda mais afastados de si mesmos segue sendo uma preocupação no mundo “pós-moderno”. Contrariamente ao fast living, reforça-se uma atitude slow down, não como um mero afastamento sistemático dos afazeres cotidianos, mas como um modo de vida que procure ressaltar a importância de se dedicar ao otium: uma vida quantitativamente menos atribulada, mas sobretudo qualitativamente mais gratificante. Ocupar-se consigo mesmo constitui a base mesma do cura sui, porque cuidar de si requer um distanciamento dos apelos da exterioridade, como bem nos mostra Sêneca em De otio. Resgatá-lo pode nos mostrar que o diálogo com o pensamento antigo segue sendo muito proveitoso: ensina-nos como nos conduzir através das dificuldades cotidianas a fim de alcançarmos um autodomínio que possibilite um estado de consciência tranqüilo.