Abstract
O presente trabalho concentra-se no exame das concepções de saúde e de moléstia do médico paranaense Nilo Cairo (1874-1928).Através da contextualização do pensamento de Nilo Cairo, e de suaanálise interna, buscamos compreender a relação entre este médico, o vitalismo e a homeopatia, inseridos num contexto onde a ascensão da teoria microbiana das doenças e da medicina de laboratório era algo hegemônico. Apoiados em Georges Canguilhem e nas fontes empíricas, propomos uma longa duração do vitalismo, corrente esta que surge em meados do século XVII, estendendo-se até pelo menos o século XX, como podemos evidenciar neste trabalho. Nossa abordagem se caracteriza não só pelo enfoque interno como também social da História das Ciências. Mediante a epistemologia de Canguilhem, de seu diálogo com Thomas Kuhn, com teses de doutorado defendidas no Brasil, e com as fontes empíricas, buscamos a compreensão de uma possível resistência do pensamento vitalista e sua coexistência com os paradigmas hegemônicos das ciências médicas ocidentais. Pensamentoscomo o de Nilo Cairo podem ser considerados evidências que refutam a noção de uma ciência que evolui linearmente e de formaunidimensional.