Abstract
O artigo examina o desafio de naturalizar a moralidade, concentrando-se em explicar os valores morais numa perspectiva expressivista e dentro de um mundo governado pela causalidade natural, que não distingue entre bem e mal. Discute-se o problema do relativismo moral, que tenta justificar a pluralidade de valores a partir de atitudes subjetivas, mas falha em capturar a dimensão normativa da moral, que exige a imposição de regras que valham intersubjetivamente. Critica-se também a solução contratualista para a justificação moral por sua falta de enraizamento objetivo na natureza e história humanas. Em contraposição, o texto propõe uma alternativa centrada na estrutura volitiva da normatividade, em que valores morais emergem da interação de vontades recíprocas e reflexivas. Essa abordagem oferece uma base objetiva para os valores, conectada à natureza evolutiva da espécie humana, destacando que os arranjos sociais simétricos tendem a ser mais estáveis e favorecem a cooperação. Assim, propõe-se que há uma superveniência entre estrutura normativa e conteúdo valorativo, e que a simetria nas relações normativas é um viés natural para a formação e prevalência dos valores morais, superando o relativismo e o contratualismo, mas proporcionando uma explicação funcional e naturalista para a moralidade.