Abstract
Trata-se de uma exploração de três perspectivas acerca da relação entre nosso modo de habitar ou estar no mundo e entre práticas discursivas distintas daquela da filosofia tradicional. Em um primeiro momento, será explorada a perspectiva heideggeriana acerca da ideia de um habitar poético enquanto distinta atitude e sensibilidade diante do ente em geral. Em seguida, em resposta ao suposto afastamento heideggeriano do âmbito ordinário dos entes da ocupação cotidiana, se explorará a hermenêutica narrativista de Paul Ricoeur, em especial no que esta oferece para a reflexão sobre o tema da identidade pessoal. Finalmente, a palavra será passada ao romancista, frequentemente considerado “filosófico”, Milan Kundera, cuja concepção de romance permite, na esteira da reflexão dos hermeneutas, que seja esboçado um programa de cultivo de uma sensibilidade e de uma atitude muito especiais e frequentemente esquecidas em nossa errância dispersa no cotidiano.