Abstract
Neste artigo, parto de um desafio concreto, a saber, o desafio de lecionar uma disciplina dirigida a alunos de terceiro semestre, e que tem uma sequência desde o primeiro até ao sexto semestre do curso de licenciatura em Filosofia. O objetivo geral da disciplina, repartida em seis semestres, é propiciar as bases e fundamentos filosóficos, metodológicos e formais para que no final cada aluno seja capaz de cumprir três tarefas: 1) ler um texto filosófico, de forma autónoma e crítica, comprometida com o rigor analítico e regras de exposição formal de argumentos; 2) desenvolver metodologias de ensino, de forma a familiarizar-se com a sala de aula e com algumas técnicas pedagógicas; 3) estar familiarizado com as especificidades de uma pesquisa filosófica e por isso, ser capaz de redigir trabalhos académicos da forma esperada, isto é, aceite hegemonicamente pelo meio académico filosófico. Tendo lecionado essa mesma disciplina no primeiro semestre, onde me concentro fundamentalmente num trabalho de leitura filosófica, compreendi que o terceiro semestre deveria tentar articular as três dimensões – leitura, ensino e pesquisa – mesmo que de forma introdutória. Assim, procurei desenvolver uma metodologia que cumprisse os seguintes objetivos: em primeiro lugar, partindo de algo familiar e conhecido, fornecer as bases para uma reflexão filosófica a partir da identificação e construção de conceitos; segundo, trabalhar a redação filosófica em diferentes formatos: textos mais curtos, como comentários, até textos mais longos – ensaio e artigo; terceiro, fornecer o espaço para uma primeira experiência de pesquisa a partir da colocação de um problema ou questão. A minha questão era: é possível, de facto, conciliar estas três dimensões? Pretendo, neste artigo, oferecer um relato desta experiência, caracterizando as várias etapas.