Abstract
Neste artigo é apresentada uma crítica ao programa de pesquisa em ciência cognitiva que se dedica ao estudo da religião, a chamada ciência cognitiva da religião (CCR). Argumentamos que essa disciplina negligencia o papel das emoções e estados afetivos em sua tentativa de explicar por que crenças religiosas são aderentes, isto é, memoráveis, evocativas e de fácil disseminação. A explicação oferecida pela CCR é estruturada, em larga medida, em cima da Hipótese da Contraintuitividade Mínima, que relaciona a aderência de crenças religiosas ao grau de contraintuitividade dos conceitos que figuram em seu conteúdo. Embora essa hipótese explique satisfatoriamente a aderência de algumas crenças religiosas, há uma variedade de crenças religiosas – as chamadas crenças místicas – cuja aderência não parece poder ser explicada sem o envolvimento estados afetivos. No artigo, um exemplo concreto é apresentado, o exemplo da crença mística na consciência cósmica, ou consciência suprema. Palavras-chave: Ciência cognitiva da religião. Experiência mística. Emoções. Consciência cósmica.