Abstract
Sob o ponto de vista hegeliano, a alienação da consciência é de natureza espiritual, pois expõe a sua incapacidade de compreender a si mesma como fundamento ontológico da realidade. De maneira oposta à visão idealista, para o materialismo dialético, o estranhamento da consciência é originado pela práxis material. Em termos filosóficos, a perspectiva idealista é de natureza especulativa, e se fundamenta na concepção do Espírito Absoluto como causa sui. Por outro lado, os fundamentos conceituais do materialismo dialético não podem apelar ao princípio da causa sui para se justificar logicamente, e por esse motivo recaem em um círculo vicioso, pois os fatos materiais que justificam a teoria materialista são materialistas em si mesmos. O presente artigo analisa a dialética entre senhor e escravo para defender a hipótese de que a própria teoria materialista representa um momento no processo histórico em que a consciência realiza a experiência fenomenológica de si mesma.