Abstract
Este artigo pretende apresentar as “representações obscuras” como parte da via disponível para se conceber um cultivo de si e da civilização, de acordo com a perspectiva de uma antropologia pragmática tal como concebida por Kant. As representações obscuras marcam a existência de um campo de representações intelectuais, estéticas e morais ocultas à consciência. Estas representações possuem, de um lado, a finalidade de fornecer um _cultivo de si_, espécie de conhecimento da natureza humana, por meio de sua funcionalidade empírica na produção de determinados fenômenos, e, de outro, proporcionar as condições adequadas para a construção da civilização, por meio da “arte de ocultar” as verdadeiras intenções nos comportamentos em sociedade. Nos dois casos, o estudo dessas representações contribui para a compreensão do interior do ser humano, fornecendo uma via adequada para seu uso pragmático-prudente no mundo, o que justifica o prevalecimento privilegiado do tema nos escritos de antropologia.