Abstract

A postura de Aristóteles com relação aos deuses é, às vezes, desconcertante. Diferentemente das obras do Corpus aristotelicum, os Diálogos essotericos, em particular o Peri Euches, parece testemunhar a intenção por parte de Aristóteles de pensar uma relação estrita entre o homem e a divindade, idéia esta que a Metafísica ignora. A existência de um dialogo Peri Euches seria sinal da persuasão que os deuses devem ser honrados e tal cuidado deriva do juízo que a nobreza dos deuses deve ser respeitada. Esta asserção não concorda com a interpretação tradicional das passagens teológicas de Metafísica. É reconhecido que a Metafísica utiliza argumentações mais cientificas e abandona o pensamento irrefletido da divindade. Inicialmente esta foi uma das razões que levaram os interpretes a colocar em duvida a autenticidade do dialogo Peri Euches. Achamos melhor nos manter fieis aos textos e atribuir à Aristóteles a “piedade” que ele merece. O presente estudo tentará mostrar que não há razão de duvidar da autenticidade do escrito essoterico. Tentaremos dar uma interpretação do fragmento do dialogo e mostrar a relação entre este texto e as passagens teológicas de Metafísica Lambda.