Abstract
Neste estudo pretendemos explorar a esquize do olho e do olhar na pintura a partir daleitura lacaniana de O visível e o invisível, de Merleau-Ponty. Se, de um lado, o ato de ver apreendeos objetos do mundo cultural e os ultrapassa, de outro, há o olhar como aquilo que se mostra aoobservador, desorganizando seu campo perceptivo. Esse olhar de fora, que nos percebe e nosarrebata, é concebido por Lacan como o registro do Real e descrito por Merleau-Ponty como o“olhar estrangeiro”. Qual outrem, esse “olhar estrangeiro” vem surpreender o pintor (e oespectador), brotando do fundo do horizonte invisível, inesgotável, e inscreve-se continuamente,produzindo desejos e incitando o artista a elaborar novas criações. Nesse sentido, este trabalhotem por objetivo investigar a leitura que Lacan fez de Merleau-Ponty no Seminário XI acerca doolhar como estranhamento a partir de O visível e o invisível, bem como suas implicações na“visibilidade anônima” que habita a obra de arte.