Abstract
Apesar de o conceito de experiencia não constituir objecto de estudo por parte de Kierkegaard, a verdade é que o sen pensamento tem sido qualificado de experiencial, dado que o constituinte da existência, o sujeito, é precisamente aquilo que deve ser denominado de experiência. Com efeito, aquilo que constitui o sujeito, Kierkegaard denomina-o relação, conceito base para a compreensão do ser humano (existência, espírito, si-mesmo) e também da verdade. Esta relação (ou relacionalidade), presente de maneira essential nestes conceitos-chave, é precisamente aquilo que faz com que o seu pensamento possa ser qualificado de experiencial, posto que transforma o tratamento destas questões clássicas, passando a ser consideradas em sua relação com o sujeito (a verdade é a subjectividade) e em seu devir, em sua construção. Assim, depois de uma consideração do lugar que a questão da experiência tem no pensamento kierkegaardiano, o artigo considera o modo como a relação constitui a consciência em sua busca da verdade, para depois passar a ver de que modo a "verdade é a subjectividade" e desembocar na descrição da estrutura do si-mesmo (o espírito, o ser humano) como relação. Finalmente, o artigo procura ainda formular qual o conceito de experiência que daí resulta. /// Regardless of the fact that the concept of experience does not constitute a specific object of study on the part of Kierkegaard, the truth is that his thought has very often been considered as experiential, since the constitutive element of existence, the subject, is precisely the one that can be denominated as experience. In effect, Kierkegaard names the constitutive element of the subject as relation, a concept that turns out to be fundamental for the understanding of the human being (existence, spirit, self) and also for the understanding of truth. This relation (or relationality), present in a special way in these key-words, is precisely the element that allows us to qualify the thought of Kierkegaard as experiential, since it transforms the treatment of these classical questions, which are now seen in relation with the subject (the truth is subjectivity) as in their process of becoming, in their construction. In this way, after a consideration of the place that the question of experience has in the thought of Kierkegaard, the article takes into consideration the mode in which the relation constitutes consciousness in its search for truth, in order to see both the manner in which "truth is subjectivity" and to reach a description of the self as intrinsically relational. Finally, the article also attempts to formulate the concept of experience operative in the thought of Søren Kierkegaard.